quarta-feira, 2 de maio de 2007

Uma Janela ( Capítulo 4)

14h36

Saiu do apartamento correndo. Chamou o elevador. Lógico que ele estava no térreo e demoraria uma eternidade para subir. Decidiu descer pela escada, afinal quatorze andares não eram tanto assim.

Desceu o mais rápido que pode, não conseguia imaginar que seu pai estava morto. Não podia ser...

14h45

Finalmente ele alcançou a Avenida Paulista. Tudo estava um caos, o transito estava parado e nenhum carro andava no sentido para Consolação. O céu que tinha se fechado, agora era uma enorme massa de nuvens cinza. Começaria a chover e seria uma tempestade daquelas.
Não parou de correr, precisava encontrar seu velho, seu pai, foi em direção à Rua Augusta, lá o encontraria, lá descobriria que aquilo tudo não passava de um trote. Não conseguia se enganar.

14h50

As primeiras gotas começaram a cair. Gotas grossas e pesadas deixavam o chão escorregadio. Naquele momento qualquer freada brusca causaria outro acidente. Outro para aquele começo de tarde nublado.

Seus pulmões queimavam, e o ar que ele inspirava já não era suficiente para mantê-lo correndo com a mesma velocidade. Foi diminuindo as passadas, e caindo no choro. Não conseguia enxergar mais nada. A água da chuva misturada com suas lágrimas o cegavam. Seu cabelo encharcado não colaborava com toda a situação.

Atravessou a Rua Frei Caneca sem perceber que algo vinha em sua direção. Um barulho de freada...

Uma moto derrapa e mesmo na tentativa de desviar do pedestre, o acerta de raspão e tomba a dois metros dali.

O tradutor sentiu o impacto no braço. Uma dor alucinante o deixou tonto. Não tinha sequer visto o que batera nele. Isso também não importava. Precisava encontrar seu pai.

14h55

Quando sua calça jeans parecia pesar uma tonelada, ele conseguiu ver onde seu pai estirado. A ambulância ainda não tinha chegado. Um homem de bigode correu em sua direção, provavelmente preocupado com seu estado e não era para menos já que o braço direito do rapaz estava fazendo um ângulo bizarro e nauseante de se ver.

- Garoto, o que aconteceu? Pára de correr, deita aqui porque a ambulância já vem – disse o homem. O tradutor via a feição assustada dele. Seu rosto estava pálido e os olhos esbugalhados.

- Meu pai... – limitou-se a dizer.

- Ele está ali, garoto. Não há nada que possamos fazer.

- Me larga eu quero ficar com MEU PAI! – grita ele, empurrando o homem de bigode.

Ele sabia que aquele pobre homem só queria ajudar. Mas não queria ajuda, só queria ver seu velho.

E lá estava ele. Estirado no chão como se fosse um animal abatido. Estava deitado de lado, e o sangue misturado com a água da chuva fazia um círculo ao seu redor. Ele ajoelhou e virou o corpo de seu pai, deixando-o de barriga para cima.

Não conseguia controlar o choro, soluçava descompassadamente. O rosto do seu velho estava normal, parecia dormir. Não tinha feição de dor....ele tinha ido em paz.

A sirene da ambulância tornou-se alta e ensurdecedora. Homens saltaram dela gritando:

- Afastem-se todos, precisamos socorrer as vítimas!

Essas foram as últimas palavras que ele se lembra de ter ouvido antes de apagar...

5 comentários:

Unknown disse...

Uhuahuahuahuaha... Interessante! Interessante... continue... vamos!!!

Anônimo disse...

pedraooo, ta cada vez melhor... num para a historia nao, quero continua me entretendo!

beijaoo

Anônimo disse...

que história mais triste!!! to com dó do carinha, perder o pai assim...não dá pra fazer ele ressucitar? hehehehe
mesmo assim tá mto bom, quero saber como continua...
bjusss

Anônimo disse...

Pedro, sua história está muito boa... Linda... Estou emocionada...
Beijos

Carlos "BlanchwOOd" disse...

To gostando muito da estória, por favor, poste logo o próximo capítulo!

Tá muito bom mesmo